Todos os dias, Michael Phelps se exercita em sua academia em casa. E…
No último dia 6 de outubro, a UnicPharma recebeu, em live, o atleta de fisiculturismo Gustavo Bico, cinco vezes campeão gaúcho, uma vez campeão brasileiro e uma vez campeão sul-americano de fisiculturismo. Mas o atleta confessou que, quando jovem, era franzino. Porém, já via um potencial genético para um físico avantajado e, como todo atleta, não gostava de perder. Entretanto, confessa que nunca teve pretensão de se tornar atleta:
“Comecei no esporte em 2014. Eu já tinha seis anos de treino e na minha cidade não tinha referência. Até hoje sou o único fisiculturista de lá (Alegrete-RS). Eu só tinha alguns vídeos e só sabia algumas poses obrigatórias, mas fui me arriscar. Na minha primeira competição já consegui ser campeão e voltei realizado para casa. De um cara que só gostava de treinar, de se alimentar bem, para um atleta, foi uma transição de cinco meses. Dois meses de off e três meses de pré-contest para competir”.
As referências de Gustavo Bico no bodybuilding
Diferente da maioria dos fisiculturistas que se espelham em Arnold Schwarzenegger, Gustavo Bico se espelhou em seu início no fisiculturista Lou Ferrigno, o intérprete do O Incrível Hulk da série de TV do final dos anos 1970 e início dos 1980.
“Eu tinha como referência mais o Lou Ferrigno do que o Arnold. Não lembro em qual canal passava, porque eu era muito novo, mas tenho algumas lembranças de assistir um seriado que ele tinha. E não era o Hulk que a gente tem hoje, em CGI, era ele mesmo. E foi mais referência para mim do que o Conan (interpretado por Arnold)”.
Gustavo Bico bradou que seu primeiro título foi o mais emocionante e inexplicável, pois não tinha expectativa nenhuma. Quando estreou, estava focado em ganhar experiência: “Calei a boca de muita gente que não acreditava em mim!”. Mas alertou que o mais importante título da carreira foi o Sul-Americano: “Coroou o sonho de um moleque que não tinha pretensão nenhuma de chegar onde chegou!”.
Dilema: aproveitar a vida ou focar nos treinos?
O atleta revelou que algumas amizades têm que ser deixadas de lado pelo fato de que a rotina de foco nos treinamentos pró-esporte não permite frequência em festas e bebidas alcoólicas. Bico também falou de um treino “vilão” de muitos homens: perna!
“Lembro que quando comecei, 11 anos atrás, tinha muito preconceito. Os caras da minha academia não treinavam perna. Mas aí comecei. Treinava perna, glúteo… Sabia que a zoação ia vir: ‘Olha o cara agachando lá, igual mulherzinha’, então tinha aquele preconceito na época. Mas quebrei esse preconceito. Sendo atleta não pode ter isso e temos que nos dedicar integralmente”.
Apesar de ter se afastado de algumas amizades por conta da rotina, hoje Gustavo tem um discurso mais flexível quanto a aproveitar a vida.
“Já levei frango com batata doce para festa. Hoje não aconselho, a não ser que a pessoa tenha uma competição já prevista, está num pré-contest, aí é um caso a parte. Mas sempre falo: são momentos que se você não aproveitar um dia vai se arrepender. Hoje tenho minha mãe biológica e de criação já falecidas, então, às vezes, penso: tiveram vários momentos que não tinha a necessidade de fazer isso e eu tava ‘pagando de bodybuiding hardcore'”.
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O reconhecimento do bodybuilding no Brasil
Gustavo Bico mandou um recado sobre viver como bodybuilder: “É sempre bom ter o bodybuilding como uma segunda alternativa”. O atleta esclarece que, no Brasil, dá para contar nos dedos de uma mão quem vive de fisiculturismo. Porém, brada que sem o patrocínio não seria possível ser campeão, pois a parte financeira e de parceria é fundamental: “Muda a carreira do atleta da água para o vinho!”.
Gustavo contou que ainda há muito preconceito em cima do esporte e dos atletas pelo uso de anabolizantes. Contudo, há muito mais desinformação do que fatos. Por exemplo, no fisiculturismo, os esteróides não são proibidos como na maioria dos esportes. Porém, o atleta vê que esse cenário, aos poucos, vem mudando!
“Falta quebrar muito paradigma que a gente tem sobre o uso de esteróides. O fisiculturista é muito taxado por isso, como se nos outros esportes de alto rendimento não tivessem. Isso precisa ser melhor conversado com o público de maneira geral. Mas de um tempo para cá é possível ver um crescimento exponencial do esporte e da indústria fit, muito pelo trabalho que os youtubers vêm fazendo e propagando cada vez mais o esporte e a cultura do treinamento, deixando mais acessível a nova geração”.
Bico afirmou que quem usa anabolizantes tem uma vantagem muito significativa contra quem não usa e brada: “Fica um passo atrás! Não dá para comparar!”. Por fim, Gustavo Bico deixou um recado ao público sobre uma visão dos atletas brasileiros:
“O Brasil é um celeiro de grandes atletas de fisiculturismo. Tem muito talento perdido por aqui. Acredito que, com apoio, poderíamos ser um expoente no bodybuilding para bater de frente com potências. Estamos com a mentalidade um pouco atrás, mas está mudando. Acredito que num futuro nosso esporte pode tomar proporções muito maiores!”.
Jornalista com experiência rádio AM e Web, portal esportivo e pós-graduado em Jornalismo Esportivo, Eric Filardi tem pleno domínio do texto e consegue flutuar em diferentes áreas do jornalismo em perder a qualidade. É um exímio repórter e tem paixão por entrevistar, escrever e a comunicação de forma geral.
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