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Adoçantes

Por muitos anos, os adoçantes foram promovidos como aliados infalíveis na luta contra a balança. Substituir o açúcar refinado por versões artificiais ou naturais sem calorias parecia ser uma escolha lógica para quem buscava emagrecer.

No entanto, estudos mais recentes vêm mostrando que o uso regular de adoçantes pode não ser tão eficaz quanto se imaginava, e em alguns casos, pode até dificultar a perda de peso.

Por isso, neste artigo, o Blog da UnicPharma separou mais informações para que você tome uma decisão mais correta sobre o uso dos adoçantes no dia a dia. Confira:

A lógica por trás dos adoçantes sem calorias

A ideia central do uso de adoçantes na dieta é simples: reduzir a ingestão calórica diária sem abrir mão do sabor doce. Produtos como sucralose, aspartame, sacarina, estévia e eritritol oferecem um sabor adocicado sem fornecer as calorias do açúcar.

Em tese, isso permitiria que uma pessoa mantivesse uma alimentação saborosa enquanto reduz o consumo total de energia, facilitando o emagrecimento. Mas a realidade parece ser mais complexa.

O paradoxo dos adoçantes: menos calorias, mais peso?

O que dizem os estudos?

Pesquisas recentes apontam para uma relação intrigante: o consumo frequente de adoçantes pode estar associado a ganho de peso, alterações metabólicas e aumento do apetite. Isso levanta uma dúvida desconfortável: será que os adoçantes estão sabotando seus objetivos?

Um estudo publicado na revista científica Cell Metabolism demonstrou que o uso regular de sucralose alterava a resposta do cérebro e do metabolismo à glicose. Outro artigo do Journal of the American Medical Association (JAMA) mostrou que, embora os adoçantes possam ajudar na redução calórica a curto prazo, seu uso prolongado pode levar à compensação calórica em outras refeições, ou seja, a pessoa acaba comendo mais depois.

Por que os adoçantes às vezes não funcionam?

1. Desregulação do apetite

O sabor doce envia sinais ao cérebro de que o corpo está prestes a receber energia (calorias). Quando isso não acontece, como é o caso dos adoçantes, o organismo reage de forma inesperada: há aumento do apetite e uma tendência maior a buscar alimentos calóricos logo depois.

Esse fenômeno é conhecido como falsa recompensa. É como se o corpo dissesse: “você me prometeu energia com esse sabor doce, e agora eu vou buscá-la em outro lugar”.

2. Alterações na microbiota intestinal

Outro ponto importante é o impacto dos adoçantes na microbiota, o conjunto de microrganismos que habita nosso intestino. Estudos sugerem que adoçantes artificiais como a sacarina e a sucralose podem alterar a composição da flora intestinal, favorecendo bactérias associadas à obesidade e à resistência à insulina.

Como a microbiota desempenha papel fundamental na regulação do metabolismo, essas alterações podem prejudicar o equilíbrio energético e dificultar a perda de peso.

3. Compensação calórica inconsciente

Muitas pessoas que utilizam adoçantes adotam inconscientemente o pensamento: “como economizei calorias no café, posso exagerar no almoço”. Essa compensação calórica neutraliza o possível benefício do adoçante.

Além disso, ao considerar o adoçante uma “liberação”, o cérebro pode baixar a guarda em outras escolhas alimentares, gerando um efeito cascata de decisões menos saudáveis.

4. Vício pelo sabor doce

Ao manter o paladar acostumado ao doce intenso, mesmo que sem calorias, os adoçantes impedem a reeducação do gosto. Isso perpetua a dependência do sabor doce, dificultando a adoção de uma alimentação mais natural, com alimentos menos processados.

É o oposto da dessensibilização: ao invés de se adaptar a sabores mais sutis, o paladar continua a buscar estímulos intensos, o que dificulta o controle sobre a alimentação.

Mas então, os adoçantes são vilões?

É importante ressaltar que os adoçantes não são necessariamente ruins ou proibidos. Em contextos específicos, como para diabéticos, por exemplo, eles podem ser muito úteis para evitar picos de glicose.

O problema está na expectativa exagerada de que o simples uso de adoçantes resultará em emagrecimento automático. A perda de peso depende de um conjunto de fatores: alimentação equilibrada, sono de qualidade, atividade física regular, equilíbrio hormonal e controle do estresse.

Como usar adoçantes de forma inteligente?

Se você optar por continuar utilizando adoçantes, há algumas estratégias que podem ajudar:

1. Use com moderação

Evite abusar da quantidade, mesmo que o produto seja “zero calorias”. Lembre-se de que o sabor doce frequente pode afetar o apetite e o metabolismo.

2. Prefira versões naturais

Adoçantes como estévia, eritritol e xilitol costumam causar menos impacto metabólico e intestinal do que versões artificiais como o aspartame ou a sacarina.

3. Reduza a dependência do sabor doce

Experimente diminuir, aos poucos, a quantidade de adoçante nas bebidas e nas receitas. Com o tempo, o paladar se adapta, e você perceberá que não precisa de tanto doce quanto imaginava.

4. Foque no todo da alimentação

Nenhum adoçante substituirá os efeitos de uma alimentação rica em vegetais, frutas, proteínas de qualidade e grãos integrais. A perda de peso é resultado de um estilo de vida, não de um único substituto.

Conclusão: o doce dilema

O uso de adoçantes pode ser uma ferramenta útil, mas não mágica. Eles não são solução isolada para emagrecimento, e seu uso contínuo pode gerar efeitos colaterais indesejados. A chave está em repensar a relação com o sabor doce, entender as reais necessidades do corpo e buscar um estilo de vida sustentável e equilibrado.

Em vez de buscar atalhos, o verdadeiro caminho para o equilíbrio corporal pode estar na moderação, variedade alimentar e consciência nas escolhas. Afinal, o corpo humano é mais complexo do que simples equações calóricas, e merece ser tratado com inteligência e cuidado.